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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte

Foto: Luís Antonio
A festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, que ocorre desde 1820, época do Brasil Império, e estende-se no tempo até os dias atuais, permanece com muita tradição e fé, na cidade de Cachoeira, localizada no Recôncavo Baiano, a 116 quilômetros de Salvador.

O evento acontece durante cinco dias, de 13 a 17 de agosto, e começa com a procissão das irmãs pelas ruas do município histórico, em sinal de luto pela morte de Nossa Senhora.

A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é composta por uma confraria de 23 mulheres cujos requisitos são descender de escravos africanos e possuir mais de 50 anos de idade. Todas elas são unidas pela devoção a Nossa Senhora. De acordo com historiadores locais, a confraria surgiu quando um grupo de mulheres, ex-escravas, reuniu-se para conseguir a alforria de outros escravos da cidade de Cachoeira, a primeira reunião de fundação da irmandade se deu no terreiro de Candomblé da nação Jeje-Mahi Zoogbodo Malê Bogum Seja Hundê, mais conhecido como Roça do Ventura.

A festa da Irmandade tem fortes traços sincréticos e recebe influências da religião católica e do candomblé, muito forte na região do Recôncavo Baiano. Durante as festividades são realizadas missas na Capela de Nossa Senhora D’Ajuda e oferecidos carurus e cozidos, típicos pratos da cultura afro-brasileira.

Confira a programação:
 
13/08 - Ritual do traslado do esquife de Nossa Senhora, às 18 horas, com saída do anexo da Capela DAjuda, que pertence à Boa Morte, com destino à capela da Irmandade, na Rua 13 de Maio, onde haverá celebração religiosa em memória das irmãs falecidas.

14/08 - A procissão do enterro de Nossa Senhora sai às 19 horas da igreja da Irmandade e percorre as principais ruas do centro histórico de Cachoeira, seguida de filarmônicas que tocam marchas fúnebres.

15/08 - O cortejo sai da igreja da Irmandade, após a missa marcada às 8 horas. Integrantes da irmandade vestem beca, usam joias e deixam à mostra as contas de seus orixás, além de deixar exposta a face vermelha do xale. A Irmandade oferece ao público presente um farto banquete com feijoada, assados e saladas.

16/08 - A Irmandade oferece à população o tradicional escaldado, com diversos tipos de carnes, verduras, legumes e pirão. O samba de roda também se apresenta e todos que quiserem podem sambar. A partir das 18 horas.

17/08 - Nesse dia, também a partir das 18h, a festa continua com o samba de roda de Nossa Senhora e distribuição de caruru e mungunzá.






quinta-feira, 28 de julho de 2011

V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade

O V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade é uma realização da Fundação Hansen Bahia e do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cujo objetivo é proporcionar um espaço de discussão sobre as particularidades culturais e religiosas na região do Recôncavo da Bahia, tendo em vista sua pluralidade, sincretismo e influências de diversas partes do mundo, com especial destaque à África.
 
O evento acontece de 11 a 13 de agosto, no auditório do CAHL, em Cachoeira, concomitantemente à tradicional Festa da Boa Morte, que atrai religiosos e turistas de diversas nacionalidades, e que foi oficializada pelo governador Jacques Wagner como Patrimônio Imaterial da Bahia em 2010. A festa acontece desde agosto de 1820, com a vibrante mistura de elementos do catolicismo e do candomblé.

Nesta quinta edição, o Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade traz olhares de profissionais de diversas áreas, do Brasil e do exterior, e de membros da comunidade local, cujas contribuições sempre são das mais valiosas, com o intuito de manter viva e valorizada as manifestações culturais e religiosas do Recôncavo da Bahia.

Para tanto, haverá conferência, mesas redondas com debates, exposição fotográfica e lançamento de livros.
 
Mais informações: http://ufrb.edu.br/boamorte/

domingo, 3 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio, um resposta.

A verdade dos fatos

Prezado Cacau,
 
Na condição de Ogan da Roça do Ventura e direitor de cultura e relações públicas da Sociedade Cultural da Roça do Ventura,acompanhei meu irmão de roça,Ogan Buda à Rádio Paraguassu,para tratarmos das visitas dos orgãos públicos estaduais ao nosso terreiro ,no dia 25 de Junho,quando a cidade de Cachoeira torna-se por um dia a capital do estado.A visita à Radio foi realizada no horário do programa da senhora Alzira Costa,meio dia,do dia 28-06,conforme combinado telefônico.

Informamos no programa aos ouvintes que recebemos a visita de representatntes da Secretaria estadual do Meio Ambiente,na pessoa de Célia Bandeira(chefe de gabinete) e da Sra.Maisa Flores,quando foi informado a intenção da realização de um projeto piloto na Roça do Ventura de um jardim de folhas sagradas.Também tivemos a visita do Sr.Elias Sampaio,secratário da SEPROMI,acompanhado de uma comitiva da mesma secretaria,quando tratamos de diversas ações de interesse da Roça do Ventura que estão em andamento na referida secretaria,como por exemplo a construção do muro-cerca no entorno das terras da Roça do Ventura,como também do acompanhamento das ações na justiça promovidas pelo IPHAN e IBAMA,contra as ações de devastação e destruição dos escombros sagrados da Roça de Cima,claro que aproveitamos a oportunidade para mais uma vez denunciarmos a completa falta de atenção do poder público municipal(a prefeituta de Cachoeira)com as  solicitações da comunidade religiosa do nosso terreiro,chamamos atenção que mais uma vez a situação do acesso a roça era a pior possível ,causando o atolamento de diversos veículos ,inclusive de sacerdotisas do candomblé de fora do estado(Uma senhora de 70 ano,do RJ),além do carro da Senhora Célia Bandeira,da secretaria do meio ambiente,fato testemunhado por todos que visitaram a nossa roça no dia 25 de junho.

Nesse momento que atribuimos responsabilidade à Prefeitura de cachoeira,pela não melhoria das cndições de acesso ao Ventura,a Sra.Alzira já demonstrou um incômodo com os comentários realizados,de pronto a apresentadora fez uma contundente defesa da prefeitura.Tudo ficou muito mais preocupante quando apresentamos as razões para não realização da construção do nosso muro-cerca,em função do fato da prefeitura de Cachoeira esta inadimplente com a sua documentação,informação apresentada pela SEPROMI,para explicar a não execução das obras do muro-cerca.Nesse instante a apresentadora abriu mão da sua condição de jornalista e assumiu sem o menor disfarce ,sua condição de relações públicas da prefeitura,já naquele momento a apresentadora foi tendenciosa e visivelmente parcial na condução do programa e nas armadilhas apresentadas na tentativa incansálvel de fazer a qualquer custo a defesa da prefeitura,mesmo que tal postura macule sua condição de jornalista,que deve gozar de uma concessão do poder público para realização ações de jornalismo de interesse da comunidade ,de interesse público portanto.

Dias depois fomos informados dos comentários racistas e desrespeitosos dessa senhora,comentários realizados no seu programa, contra o Ogã Buda e sobre minha pessoa.Lamentamos que tal atitude tenha sido praticada com reprovavel covardia e negação do princípios básicos do jornalismo ,que deve ser mais um instrumento de consolidação da democracia em território brasileiro.

Consideramos que tais atitudes só reforçam a ideia que essa senhora faz do jornalismo a extenção das suas atividades  de relações públicas da prefeitura ,demonstrando mais uma vez os limites da imprensa cerceada pelo poder politico e econômico local.

Informamos que tomaremos as atitudes cabíveis a tais comportamentos racistas e desrespeeitosos da Senhora Alzira Costa,no exercício  e condução do seu programa ,na Radio Paraguassu,em Cachoeira.

Agradecemos a  Cacau por garantir esse espaço na midia livre para apresentamos nosso mais contundente repúdio aos comentários covardimente apresentados por essa senhora que desrespeita o POVO DE SANTO DA BAHIA e rasga os princípios fundantes do jornalismo e da liberdade de expressão em nossa terra,numa clara demonstração que o "coronelismo eletrônico" ainda é um fenômeno político presente no reconcavo baiano.
 

Gratos ,
Marcus Alesandro
Ogã da Roça do Ventura
 

sábado, 2 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio

Roça do Ventura
Buda, apelido do ogan do Zô Ogodô Bogum Malê Seja Hundê, terreiro de candomblé jêje marrin de Cachoeira conhecido como Roça de Ventura, diz que foi discriminado pelo apresentador de um programa que diariamente é levado ao ar pela emissora Paraguaçu FM, de Cachoeira. Segundo ele, o apresentador o desqualificou como sacerdote e como indivíduo. Diz ainda que além das ofensas à sua pessoa, o locutor teria dito que o Seja Hundê é um candomblerzinho, cujos participantes são cariocas, paulistas e mineiro.

O motivo da ofensa foi porque Buda compareceu ao programa de rádio vestido de bermuda e camiseta, o que para o locutor era um traje inadequado para um ogan. Mas Buda contra-argumenta dizendo que o motivo foi porque ele foi denunciar as desobediências às determinações da Justiça impostas ao advogado Ademir Passos, que recentemente violou o espaço sagrado do terreiro ceifando árvores, soterrando a lagoa do orixá Nanã; enfim, desfigurando o sítio cultural afrorreligioso. O referido advogado, que é especializado em resolver broncas de prefeitos na Justiça, advoga para a prefeitura municipal da Cachoeira, e o programa de rádio é patrocinado com o dinheiro público, disse o ogan, que vai acionar a Justiça por reparações morais.. 

 

Blog do NNNE - UFRB

Historicamente a sociedade brasileira foi construída através de variados processos de subalternização do negro/a. Durante mais de três séculos, milhares de africanos foram tirados de sua terra de origem, para servirem de força de trabalho escrava no Brasil. Durante todo período colonial e imperial, a sociedade brasileira se sustentou através da escravidão negra, prática essa, que se fundava através de um cotidiano exercício da violência, coação, exploração e humilhação da população escravizada.

     Com o fim da escravidão legal no Brasil, em 13 de maio de 1888, o quadro de violências alterou-se, na medida em que as elites dirigentes, aparelhadas com as teorias racialistas, organizaram-se para recriar as hierarquias estabelecidas durantes os séculos de escravidão. Nesse sentindo, o Estado-nação brasileiro, foi construído através de políticas estatais, que visavam excluir e muitas vezes exterminar a população negra aqui existente, com projetos de favelização, programas de higienização, políticas de branqueamento e criminalização do negro/a e suas manifestações religioso-culturais. Mas, nós resistimos.
 
     Nos fins dos anos 20, o protesto racial emerge fortemente em São Paulo, propagando-se em outros estados da Federação; criam-se organizações, com base na identidade racial cujo objetivo é projetar os negros/as enquanto atores sociais. No final dos anos 40, o protesto reaparece no Rio de Janeiro, sob a forma de um ambicioso projeto cultural - Teatro Experimental do Negro - articulando-se psicodrama, valorização da tradição afro-brasileira e propostas políticas com vistas a interferir na reforma  constitucional.
 
     No final dos anos 70, uma nova onda de protestos, impulsionada por organizações negras de diferentes estados da federação, dão início à formação do Movimento Negro Unificado. Uma peculiaridade do Movimento Negro/a do Brasil, está no fato de que além de combater o racismo em todas as formas é preciso também desmistificar a idéia difundida de “democracia racial”, ideologia essa, diluída em toda sociedade brasileira, como constituinte de sua própria identidade nacional, dando um tom “harmonioso” às relações raciais.
 
     Na universidade o combate ao racismo perpassa por críticas ao conhecimento excessivamente eurocêntrico e pela organização da luta por acesso e permanência da população negra ao ensino superior. Fundamentados nesses eixos de atuação é que surge o movimento negro/a universitário na sua forma de núcleos estudantis. As pautas dos núcleos se somam às pautas gerais do movimento negro/a tendo como principal conquista destes, em nível nacional, a adoção de políticas de cotas para o acesso e permanência de estudantes negros/as. 
 
     Nessa conjuntura o negro/a passa a reivindicar o espaço político na universidade pública, propondo alternativas epistemológicas em favor da descolonização do conhecimento e o combate ao racismo na sociedade brasileira. É nesse sentindo, que estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, especificamente do Centro de Artes, Humanidades e Letras, reúnem-se em abril de 2009, e desde então, vêem se organizando de forma ativa e autônoma, com o intuito de discutir e militar em defesa das populações negras, o combate ao machismo e outras lutas em favor das maiorias subalternizadas. 
 
     O coletivo intitulado de Núcleo de Negras e Negros Estudantes (NNNE) tem como compromisso, combater o racismo, o machismo e todas e quaisquer formas de segregação, entendendo que essa ação de combate as discriminações é de extrema importância para construção de uma sociedade plenamente democrática.
 
    Nesse sentido, o NNNE é um coletivo de estudantes militantes que atualmente  desenvolve trabalho de base nas comunidades periféricas na cidade de Cachoeira-BA, além de constituir  uma rede de articulação com outros movimentos sociais como MST Recôncavo, MSTB, MOPEBA, MNU e comunidades Quilombolas da região. Somos maiss um elo da corrente inquebrantável do movimento negro contemporâneo.
 
Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB

"TRISTE CACHOEIRA"

1. Texto 01 - publicado no Cachoeira Online e no Facebook em 28.06.11
"TRISTE CACHOEIRA
 
Poluição ambiental, trânsito desregrado de cargas pesadas destruindo o patrimônio da cidade, poluição sonora infernal, Rio Paraguaçu transformado em lixão a céu aberto, coronelismo cínico e anacrônico, intolerância religiosa, invasão e destruição impunes de espaços sagrados de matriz africana, racismo velado e escancarado, hegemonia e fusão total do poder político e econômico, desrespeito à cultura afro-baiana e, last but not least, vergonha generalizada na Câmara de Vereadores no último dia 25 de junho, data magna da Cidade! Triste Cachoeira, outrora Cidade Heróica...
 
Xavier Vatin
Cidadão Cachoeirano"
 
Comentários postados no Cachoeira Online:

Anônimo disse...
Se a Câmara tivesse Ombridade, certaemente, professor, viria a público e pediria desculpas,foi um grande fiasco,mal gosto.Entendo seu desabafo,é uma expressão de muita gente que mora e gosta desssa cidade,infelizmente os puxa-sacos,não.
Anônimo disse...
Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto.
Anônimo disse...
kkkkk! Todos sabem de ondem partem esses surtos acima,é a Maria Jagunça,defendendo o seu ganha pão.Coitada!
Anônimo disse...
-Todo mundo sabe onde a droga realmente come solto.Cala-te boca.Rsrsrs.
Cachoeirano indignado disse...
Infelismente não posso mais passar o dia 25 de junho em Cachoeira. Terra que eu amo e que muito me orgulhava de sua data Magna. É que a vergonha de ver tanta incompetência,tanto cinismo e mediocridade na organização do evento me fazem muito mal, começou esse ano, passei longe de Cachoeira. Apoio o Prof. Xavier, é preciso coragem para exprimir a verdade. Quanto ao anônimo(a) xenofabo que compartilha da mediocridade a que Cachoeira hoje está exposta, ou é beneficiado em detrimento da cidade ou é alienado, recolha-se a sua insignificância. Cachoeirano Indignado.
Anônimo disse...
Anônimo disse... Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto. ----------------------------------------------------- Estão vendo como é que os representantes do poder tratam as pessoas? eles dizem "voce tem ques e curvar" Veem agora noque querem transformar Cachoeira? Como tratam a quem nao se contentam com o que eles estão fazendo?

2. Texto 02 - publicado no Facebook hoje e a ser publicado no Cachoeira Online
 
"TERRRORISMO MIDIÁTICO NA CIDADE HERÓICA
Caros Cachoeiranos e/ou amantes da Cachoeira,

Em primeiro lugar, quero agradecer calorosamente aos que me manifestaram o seu apoio. Quanto à radialista Al-Jazira, o seu comportamento "profissional" é digno de pena. Jornalismo verdadeiro requer INDEPENDÊNCIA, ética e objetividade. No que diz respeito aos anônimos que se escondem covardemente atrás do anonimato para vomitar sua raiva xenofóbica, só tenho a lamentar a sua alienação - para não dizer escravidão - mental.

Apoixonei-me por Cachoeira há 20 anos atrás, quando cheguei à Bahia pela primeira vez e quando Pierre Verger me aconselou a iniciar minhas pesquisas antropológicas na Cidade Heróica, com a saudosa Gaiacu Luiza Franquelina da Rocha. Orgulho-me igualmente e tanto pela minha cidadania francesa quanto pela minha cidadania cachoeirana, outorgada oficial e publicamente pela Câmara de Vereadores em maio de 2010. O espírito heróico e revolucionário que une as minhas duas pátrias me deu o senso crítico e a vontade de lutar SEMPRE em prol dos mais fracos, dos mais desprestigiados pela sociedade vigente, dos que sofrem diariamente nas mãos de uns coronéis cínicos, anacrônicos e patéticos. A radialista Al-Jazira pode continuar me difamando, não me importo. Ela não merece resposta.

O que não aceito, como cidadão, é que representantes legítimos de comunidades religiosas afro-baianas seculares sejam desrespeitados e hostilizados. O que não posso aceitar é o fato de uma Senhora de 83 anos, que constitui literalmente a raíz e a memória viva do samba de roda, seja vergonhosamente chamada de mentirosa por um representante do poder público municipal. O que não aceito, é que um terreiro de candomblé em processo de tombamento pelo IPHAN seja covardemente invadido e tenha o seu patrimônio arqueológico destruído, seu patrimônio sagrado soterrado. O que não posso aceitar é que o invasor descumpre cinicamente os embargo do IPHAN e da IBAMA. Pois esse patrimônio cultural de matriz africana é uma das RIQUEZAS mais emblemáticas de nossa Cidade.

O povo de santo, as Irmãs de Nossa Senhora da Boa Morte e os Grupos de Samba de Roda são os guardiões fiéis e heróicos de manifestações culturais da diáspora africana no Brasil, que fazem da Cachoeira o que é: o berço de uma civilização afro-indígena, de uma civilização extraordinariamente rica, porém secularmente desrespeitada. Não me deixarei intimidar por pessoas tão raivosas quanto insignificantes, que fazem uso irresponsável dos meios de comunicação para exercer um vil terrorismo midiático.

Axé! Vive la France e Viva a Cachoeira!!!

Xavier Vatin / Cidadão franco-cachoeirano"

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Dirigente do MST baiano necessita de doação de sangue

O companheiro Josuel Gustavo dos Santos articulador do Território do Recôncavo e dirigente do MST, único sobrevivente do acidente de carro na BA 101- Rio Branco (próximo a entrada de Arataca), que aconteceu no último dia 21, e vitimou quatro companheiros do MST baiano, ainda encontra-se internado em estado grave no hospital do Subúrbio, Salvador, Leito 19, necessitando com urgência de sangue de qualquer tipo.

Os doadores interessados devem dirigir-se a qualquer banco de sangue da capital baiana e informar apenas o nome do paciente que pretende beneficiar: Josuel Gustavo dos Santos. Após a efetivação da doação o comprovante deverá ser entregue no hospital em que o paciente encontra-se internado ou na sede do Partido dos Trabalhadores, Rio Vermelho. Neste último caso, o comprovante de doação deverá ser entregue ao secretário de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT BA, Waldir Tavares."

Fonte: Site do PT - Bahia

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Artigo de Mãe Stella de Oxóssi: 25 de maio: bênção, Mamãe África

Maria Stella de Azevedo Santos
Maria Stella de Azevedo Santos*
Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá
opo@gmail.com

Ainda de pouco conhecimento da sociedade é o fato de hoje, 25 de maio, se comemorar o Dia da África. Data escolhida porque em 1963 a Organização de Unidade Africana, hoje com o nome de União Africana, foi fundada com o objetivo de ser, internacionalmente, a voz dos africanos. Hoje, o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá está recebendo uma média de cinquenta professores da rede municipal, juntamente com o seu secretário, para conosco comemorar este dia, que se constitui em uma tentativa de que os olhos e os corações do mundo se preocupem e se ocupem de cuidar do povo desse continente, mas também de aprender e apreender sua sabedoria, que, como neta de africana e iniciada em uma religião que tem em África sua matriz, foi a mim transmitida. Oportunidade que tudo faço para não desperdiçar.

Muitas sementes da sabedoria dos africanos, em mim plantadas, ainda não encontraram terreno fértil para germinar, mas não desisto e, por isso, cuido desse terreno em todo momento. Outras há, no entanto, que cresceram e até deram frutos. Foi assim refletindo que resolvi homenagear o berço da humanidade – a África -, aproveitando este precioso espaço de comunicação que a mim foi concedido para, humildemente, tentar espalhar essas sementes, na esperança que elas caiam em terrenos férteis.

Foi através da tradição oral, chamada na língua yorubá de ipitan, que entrei em contato com a maravilhosa arte de viver do africano, que tem na alegria um de seus fundamentos. Entretanto, nós brasileiros, que temos nesse povo uma de nossas descendências, não devemos correr o risco de sermos megalomaníacos e considerar a filosofia africana a melhor. Todo povo possui sua sabedoria, mas a Sabedoria, assim como Deus, é uma só. A mesma base, os mesmo fundamentos, apenas transmitidos de acordo com a cultura e o lugar de viver correspondente. Se foi através da tradição oral que aprendi, é agora na escrita, iwe-kikó, que encontro condições favoráveis para transmitir, a um maior número de pessoas, os ensinamentos absorvidos e os quais ainda pretendo assimilar, de maneira profunda.
Conheçamos, então, um pouco do muito que possui a filosofia do povo africano:

- É na alegria e na generosidade que se encontra a força que se precisa para enfrentar os obstáculos da vida: “Lé tutu lé tutu bó wá” = “Sigamos em frente alegremente, sigamos em frente iluminados, dividindo o alimento adquirido”.

- A palavra tem o poder de materializar o que existe em potencial no universo, por isso os africanos falam muito e alto, quando precisam canalizar sua energia em direção ao que é essencial, mas silenciam nas horas necessárias. Um orin faz entoar: “Tè rolè... Mã dé tè rolè. Báde tè role” = “Eu venero através do silêncio... Eu pretendo cobrir meus olhos e calar-me. Ser conveniente, respeitando através do silêncio”.

- Nosso maior inimigo (como também nosso maior amigo) somo nós mesmos: “Dáààbòbò mi ti arami” = “Proteja-me de mim mesma”.

- O cuidado com o julgamento do outro e também com o instinto de peversidade: “Bí o ba ri o s'ikà bi o ba esè ta ìká wà di méjì” = “Se vir o corpo de um perverso e chutá-lo, serão dois os perversos”.

- O respeito às diferenças: “Iká kò dógbà” = “Os dedos não são iguais”.

- A necessidade de um permanente contato com a Essência Divina que cada um possui: “Eti èmí óré dé ìyàn. Àroyé èmí óré dé ìyà” = “Na dificuldade de decisão e no debate, a Essência Divina amplia a visão para argumentar”.

Como se vê, o corpo da tradição oral africana, que é composto de itan – mito; oriki – parte do mito que é recitada em forma de louvação e vocação; orin – cântico de louvação; adurá – reza; ówe – provérbio serve para nos disciplinar. Entretanto, nenhuma sabedoria tem mais valor do que a filosofia do ìwà, palavra que pode ser traduzida como conduta, natureza, enfim, caráter. Devemos estar atentos aos nossos comportamentos. Pois, como falam os africanos após enterrar um amigo, “ó kù ó, ó kù ó ìwà ré”, querendo dizer, “não podemos lhe acompanhar no resto de sua viagem, agora só fica você e seus comportamentos”.

* Artigo publicado na editoria Opinião do Jornal A Tarde, no dia 25/05/2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Terreiros são bens para serem tombados ou registrados?

Evento do IPAC com entrada franca no Conselho de Cultura da Bahia acontece no Dia Mundial da África (25.05) instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1972

Roça do Ventura recentemente tombada pelo IPHAN
Os terreiros de candomblé na Bahia são patrimônios materiais ou imateriais? Eles devem ser tombados – salvaguarda para bens tangíveis – ou registrados – para bens intangíveis? A importância deles está nas suas edificações ou nos símbolos e signos culturais desses espaços sagrados de matriz africana? Essas e outras perguntas servirão de base para o próximo encontro do “Conversando sobre Patrimônio”, projeto do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), que convida especialistas para discutir importantes temas sobre bens culturais baianos.

Com a temática da "Salvaguarda do Patrimônio Cultural Afro-brasileiro", o encontro acontece nesta quarta-feira, 25 de maio (2011), às 14h no Conselho Estadual de Cultura (Palácio da Aclamação, Av. 7 de Setembro, 1330, Campo Grande/Forte de São Pedro). A entrada é franca e a reunião ocorre para marcar o “Dia Mundial da África” instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1972

“O reconhecimento oficial da importância da tradição afro-brasileira pelos poderes públicos constituídos é muito recente, já que somente em 1984 o governo federal tombou pela primeira vez na história do Brasil um espaço sagrado de matriz africana”, ressalta o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça.

Um dos maiores expoentes da antropologia brasileira, o professor doutor do Museu Nacional (UFRJ), Gilberto Velho, foi relator do tombamento pelo Iphan/MinC do terreiro de candomblé Casa Branca, em Salvador. Há mais de vinte anos atrás a decisão já foi muito polêmica. “O Iphan geralmente tomba apenas terreiros considerados matrizes, como a Casa Branca, o Bate Folha, o Alaketu, entre outros, e precisamos estudar mais profundamente essas proteções do poder público”, diz Mendonça.

A salvaguarda oficial permite prioridade, do bem tombado ou registrado, nas linhas de apoio financeiro municipais, estaduais, federais ou até internacionais. A dúvida é que existem ou podem ser criados, via decretos estaduais, outras propostas de proteção. No IPAC já existem o tombamento, o registro para manifestações culturais tradicionais, como algumas festas populares, e o registro de lugar, que não tomba o espaço, mas o considera relevante oficialmente. Já em outros estados existem as Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (Apacs), como no Rio de Janeiro, utilizadas pela prefeitura para proteger certos bairros ou regiões "descaracterizadas".

Os palestrantes serão os professores doutores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Fábio Velame e Márcia Santa'anna. Fábio é doutor em Conservação e Restauro, com ênfase em patrimônios imateriais, manifestações culturais e suas relações com arquitetura e cidade, atuando principalmente nos territórios tradicionais e arquitetura étnico-africana e afro-brasileiras, habitação escrava, quilombos, terreiros de candomblé e afoxés, entre outros. Já Márcia é mestre em Conservação e Restauro, doutora em Urbanismo e ex-diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
 

O IPAC é responsável pela política pública de preservação e difusão dos bens culturais baianos. As palestras são abertas ao público. Mais informações via telefones 3117-6491 e 3117-6492, ou endereço eletrônico astec.ipac@gmail.com.
 
 
Confira no Flickr as fotos no link abaixo:
http://www.flickr.com/photos/organize/?start_tab=sets
Crédito obrigatório: Lei nº 9610/98

 


Assessoria de Comunicação IPAC - em 22.05.2011 - Jornalista responsável Geraldo Moniz (drt-ba 1498) - (71) 8731-2641.              Contatos: (71) 3117-6490, ascom.ipac@ipac.ba.gov.br - www.ipac.ba.gov.br - Facebook: Ipacba Patrimônio - Twitter: @ipac_ba
 

domingo, 1 de maio de 2011

Biblioteca Abdias Nascimento

A Biblioteca Abdias do Nascimento foi inaugurada no dia 30 de maio de 2008, no bairro de Escada, subúrbio ferroviário de Salvador – Ba, sendo a primeira biblioteca comunitária especializada em cultura afro-brasileira e africana do estado. Trata-se de uma iniciativa de educadores, militantes e artistas oriundos de diversos seguimentos, preocupados com o alto grau de preconceito e exclusão social vivenciado pelos moradores dessa região que são de maioria negra e tem na cultura e religiosidade afro o seu principal diferencial.

O projeto contou, para a sua criação, com o patrocínio do Banco do Nordeste e do Governo Federal através do Programa BNB de Cultura 2008.

Este projeto visa incentivar a leitura e a valorização da auto-estima entre os moradores das regiões menos favorecidas, de população majoritariamente negra, ao proporcionar o acesso aos livros produzidos por autores negros ou voltados para esta temática, servindo ainda de instrumento no apoio para a implementação da Lei 10.639/03, atual lei 11.645/08 (que estabelece o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas). Com isso, pretendeu-se possibilitar às comunidades desta região o acesso a estas fontes de cultura e informação através da literatura, gerando uma visão crítica do mundo, valorizando a potencialidade destes indivíduos, criando referências, despertando o interesse pela leitura e escrita, colaborando para a formação de cidadãos conscientes e estimulados a lutar pela melhoria das suas condições de vida.

O projeto vem sendo apoiado por diversos seguimentos da sociedade que tem colaborado por meio de doações diversas para o acervo. Podemos citar como exemplo, o apoio recebido de instituições como a Petrobrás, Edições Maianga, Fundação Cultural Palmares, Portfolium, dentre outras, por meio de doação de materiais de livros, periódicos e material informativo. A biblioteca tem recebido a visita de um número cada vez maior de pessoas, entre estudantes, pesquisadores, educadores, artistas, lideranças religiosas, ONG's e membros da comunidade em geral, não se limitando apenas aos moradores do subúrbio ferroviário.

O acesso ao acervo é livre, sendo realizado de segunda à quinta-feira, das 9 às 12 e das 14 às 17h, contando com um funcionário responsável pela orientação do público. Em nosso acervo, existem livros infantis, pedagógicos e técnicos, material para formação de professores e voltados para as artes e religiões de matriz africana. São realizadas ainda, diversas atividades. São elas: as mostras de Cinema Negro, que são abertas a todos os públicos e sempre seguidas de bate-papos. O Ajeun Cultural, um momento de confraternização onde são servidas iguarias da culinária afro e realizadas intervenções artísticas com poesia, leitura dramática, teatro e música. O Curso de Língua e Cultura Yorubá, onde são utilizadas canções, mitos e ditados tradicionais para o ensino desta língua africana, através de aulas práticas. Os Bate-Papos Pedagógicos, direcionados a educadores, discutindo o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. O Projeto NaEncruza, que é um encontro com membros das religiões afro para discutir questões ligadas a esse grupo e o Projeto Omodé Griô que realiza contação de histórias e oficina de jogos africanos para crianças da comunidade.


Atualmente a Biblioteca Abdias do Nascimento está em fase de mudança para a sua nova sede localizada no bairro de Periperí, uma parceria formada com a Associação Recreativa Bonfim de Esporte, com inauguração prevista para o dia 16 de abril de 2011, visando ampliar suas atividades e facilitar o acesso dos usuários.



quinta-feira, 21 de abril de 2011

A trincheira de Jean Wyllys

Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).

Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal.  E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais. 


Fonte: Carta Capital Online