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quinta-feira, 28 de julho de 2011

V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade

O V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade é uma realização da Fundação Hansen Bahia e do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cujo objetivo é proporcionar um espaço de discussão sobre as particularidades culturais e religiosas na região do Recôncavo da Bahia, tendo em vista sua pluralidade, sincretismo e influências de diversas partes do mundo, com especial destaque à África.
 
O evento acontece de 11 a 13 de agosto, no auditório do CAHL, em Cachoeira, concomitantemente à tradicional Festa da Boa Morte, que atrai religiosos e turistas de diversas nacionalidades, e que foi oficializada pelo governador Jacques Wagner como Patrimônio Imaterial da Bahia em 2010. A festa acontece desde agosto de 1820, com a vibrante mistura de elementos do catolicismo e do candomblé.

Nesta quinta edição, o Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade traz olhares de profissionais de diversas áreas, do Brasil e do exterior, e de membros da comunidade local, cujas contribuições sempre são das mais valiosas, com o intuito de manter viva e valorizada as manifestações culturais e religiosas do Recôncavo da Bahia.

Para tanto, haverá conferência, mesas redondas com debates, exposição fotográfica e lançamento de livros.
 
Mais informações: http://ufrb.edu.br/boamorte/

domingo, 3 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio, um resposta.

A verdade dos fatos

Prezado Cacau,
 
Na condição de Ogan da Roça do Ventura e direitor de cultura e relações públicas da Sociedade Cultural da Roça do Ventura,acompanhei meu irmão de roça,Ogan Buda à Rádio Paraguassu,para tratarmos das visitas dos orgãos públicos estaduais ao nosso terreiro ,no dia 25 de Junho,quando a cidade de Cachoeira torna-se por um dia a capital do estado.A visita à Radio foi realizada no horário do programa da senhora Alzira Costa,meio dia,do dia 28-06,conforme combinado telefônico.

Informamos no programa aos ouvintes que recebemos a visita de representatntes da Secretaria estadual do Meio Ambiente,na pessoa de Célia Bandeira(chefe de gabinete) e da Sra.Maisa Flores,quando foi informado a intenção da realização de um projeto piloto na Roça do Ventura de um jardim de folhas sagradas.Também tivemos a visita do Sr.Elias Sampaio,secratário da SEPROMI,acompanhado de uma comitiva da mesma secretaria,quando tratamos de diversas ações de interesse da Roça do Ventura que estão em andamento na referida secretaria,como por exemplo a construção do muro-cerca no entorno das terras da Roça do Ventura,como também do acompanhamento das ações na justiça promovidas pelo IPHAN e IBAMA,contra as ações de devastação e destruição dos escombros sagrados da Roça de Cima,claro que aproveitamos a oportunidade para mais uma vez denunciarmos a completa falta de atenção do poder público municipal(a prefeituta de Cachoeira)com as  solicitações da comunidade religiosa do nosso terreiro,chamamos atenção que mais uma vez a situação do acesso a roça era a pior possível ,causando o atolamento de diversos veículos ,inclusive de sacerdotisas do candomblé de fora do estado(Uma senhora de 70 ano,do RJ),além do carro da Senhora Célia Bandeira,da secretaria do meio ambiente,fato testemunhado por todos que visitaram a nossa roça no dia 25 de junho.

Nesse momento que atribuimos responsabilidade à Prefeitura de cachoeira,pela não melhoria das cndições de acesso ao Ventura,a Sra.Alzira já demonstrou um incômodo com os comentários realizados,de pronto a apresentadora fez uma contundente defesa da prefeitura.Tudo ficou muito mais preocupante quando apresentamos as razões para não realização da construção do nosso muro-cerca,em função do fato da prefeitura de Cachoeira esta inadimplente com a sua documentação,informação apresentada pela SEPROMI,para explicar a não execução das obras do muro-cerca.Nesse instante a apresentadora abriu mão da sua condição de jornalista e assumiu sem o menor disfarce ,sua condição de relações públicas da prefeitura,já naquele momento a apresentadora foi tendenciosa e visivelmente parcial na condução do programa e nas armadilhas apresentadas na tentativa incansálvel de fazer a qualquer custo a defesa da prefeitura,mesmo que tal postura macule sua condição de jornalista,que deve gozar de uma concessão do poder público para realização ações de jornalismo de interesse da comunidade ,de interesse público portanto.

Dias depois fomos informados dos comentários racistas e desrespeitosos dessa senhora,comentários realizados no seu programa, contra o Ogã Buda e sobre minha pessoa.Lamentamos que tal atitude tenha sido praticada com reprovavel covardia e negação do princípios básicos do jornalismo ,que deve ser mais um instrumento de consolidação da democracia em território brasileiro.

Consideramos que tais atitudes só reforçam a ideia que essa senhora faz do jornalismo a extenção das suas atividades  de relações públicas da prefeitura ,demonstrando mais uma vez os limites da imprensa cerceada pelo poder politico e econômico local.

Informamos que tomaremos as atitudes cabíveis a tais comportamentos racistas e desrespeeitosos da Senhora Alzira Costa,no exercício  e condução do seu programa ,na Radio Paraguassu,em Cachoeira.

Agradecemos a  Cacau por garantir esse espaço na midia livre para apresentamos nosso mais contundente repúdio aos comentários covardimente apresentados por essa senhora que desrespeita o POVO DE SANTO DA BAHIA e rasga os princípios fundantes do jornalismo e da liberdade de expressão em nossa terra,numa clara demonstração que o "coronelismo eletrônico" ainda é um fenômeno político presente no reconcavo baiano.
 

Gratos ,
Marcus Alesandro
Ogã da Roça do Ventura
 

sábado, 2 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio

Roça do Ventura
Buda, apelido do ogan do Zô Ogodô Bogum Malê Seja Hundê, terreiro de candomblé jêje marrin de Cachoeira conhecido como Roça de Ventura, diz que foi discriminado pelo apresentador de um programa que diariamente é levado ao ar pela emissora Paraguaçu FM, de Cachoeira. Segundo ele, o apresentador o desqualificou como sacerdote e como indivíduo. Diz ainda que além das ofensas à sua pessoa, o locutor teria dito que o Seja Hundê é um candomblerzinho, cujos participantes são cariocas, paulistas e mineiro.

O motivo da ofensa foi porque Buda compareceu ao programa de rádio vestido de bermuda e camiseta, o que para o locutor era um traje inadequado para um ogan. Mas Buda contra-argumenta dizendo que o motivo foi porque ele foi denunciar as desobediências às determinações da Justiça impostas ao advogado Ademir Passos, que recentemente violou o espaço sagrado do terreiro ceifando árvores, soterrando a lagoa do orixá Nanã; enfim, desfigurando o sítio cultural afrorreligioso. O referido advogado, que é especializado em resolver broncas de prefeitos na Justiça, advoga para a prefeitura municipal da Cachoeira, e o programa de rádio é patrocinado com o dinheiro público, disse o ogan, que vai acionar a Justiça por reparações morais.. 

 

Blog do NNNE - UFRB

Historicamente a sociedade brasileira foi construída através de variados processos de subalternização do negro/a. Durante mais de três séculos, milhares de africanos foram tirados de sua terra de origem, para servirem de força de trabalho escrava no Brasil. Durante todo período colonial e imperial, a sociedade brasileira se sustentou através da escravidão negra, prática essa, que se fundava através de um cotidiano exercício da violência, coação, exploração e humilhação da população escravizada.

     Com o fim da escravidão legal no Brasil, em 13 de maio de 1888, o quadro de violências alterou-se, na medida em que as elites dirigentes, aparelhadas com as teorias racialistas, organizaram-se para recriar as hierarquias estabelecidas durantes os séculos de escravidão. Nesse sentindo, o Estado-nação brasileiro, foi construído através de políticas estatais, que visavam excluir e muitas vezes exterminar a população negra aqui existente, com projetos de favelização, programas de higienização, políticas de branqueamento e criminalização do negro/a e suas manifestações religioso-culturais. Mas, nós resistimos.
 
     Nos fins dos anos 20, o protesto racial emerge fortemente em São Paulo, propagando-se em outros estados da Federação; criam-se organizações, com base na identidade racial cujo objetivo é projetar os negros/as enquanto atores sociais. No final dos anos 40, o protesto reaparece no Rio de Janeiro, sob a forma de um ambicioso projeto cultural - Teatro Experimental do Negro - articulando-se psicodrama, valorização da tradição afro-brasileira e propostas políticas com vistas a interferir na reforma  constitucional.
 
     No final dos anos 70, uma nova onda de protestos, impulsionada por organizações negras de diferentes estados da federação, dão início à formação do Movimento Negro Unificado. Uma peculiaridade do Movimento Negro/a do Brasil, está no fato de que além de combater o racismo em todas as formas é preciso também desmistificar a idéia difundida de “democracia racial”, ideologia essa, diluída em toda sociedade brasileira, como constituinte de sua própria identidade nacional, dando um tom “harmonioso” às relações raciais.
 
     Na universidade o combate ao racismo perpassa por críticas ao conhecimento excessivamente eurocêntrico e pela organização da luta por acesso e permanência da população negra ao ensino superior. Fundamentados nesses eixos de atuação é que surge o movimento negro/a universitário na sua forma de núcleos estudantis. As pautas dos núcleos se somam às pautas gerais do movimento negro/a tendo como principal conquista destes, em nível nacional, a adoção de políticas de cotas para o acesso e permanência de estudantes negros/as. 
 
     Nessa conjuntura o negro/a passa a reivindicar o espaço político na universidade pública, propondo alternativas epistemológicas em favor da descolonização do conhecimento e o combate ao racismo na sociedade brasileira. É nesse sentindo, que estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, especificamente do Centro de Artes, Humanidades e Letras, reúnem-se em abril de 2009, e desde então, vêem se organizando de forma ativa e autônoma, com o intuito de discutir e militar em defesa das populações negras, o combate ao machismo e outras lutas em favor das maiorias subalternizadas. 
 
     O coletivo intitulado de Núcleo de Negras e Negros Estudantes (NNNE) tem como compromisso, combater o racismo, o machismo e todas e quaisquer formas de segregação, entendendo que essa ação de combate as discriminações é de extrema importância para construção de uma sociedade plenamente democrática.
 
    Nesse sentido, o NNNE é um coletivo de estudantes militantes que atualmente  desenvolve trabalho de base nas comunidades periféricas na cidade de Cachoeira-BA, além de constituir  uma rede de articulação com outros movimentos sociais como MST Recôncavo, MSTB, MOPEBA, MNU e comunidades Quilombolas da região. Somos maiss um elo da corrente inquebrantável do movimento negro contemporâneo.
 
Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB

"TRISTE CACHOEIRA"

1. Texto 01 - publicado no Cachoeira Online e no Facebook em 28.06.11
"TRISTE CACHOEIRA
 
Poluição ambiental, trânsito desregrado de cargas pesadas destruindo o patrimônio da cidade, poluição sonora infernal, Rio Paraguaçu transformado em lixão a céu aberto, coronelismo cínico e anacrônico, intolerância religiosa, invasão e destruição impunes de espaços sagrados de matriz africana, racismo velado e escancarado, hegemonia e fusão total do poder político e econômico, desrespeito à cultura afro-baiana e, last but not least, vergonha generalizada na Câmara de Vereadores no último dia 25 de junho, data magna da Cidade! Triste Cachoeira, outrora Cidade Heróica...
 
Xavier Vatin
Cidadão Cachoeirano"
 
Comentários postados no Cachoeira Online:

Anônimo disse...
Se a Câmara tivesse Ombridade, certaemente, professor, viria a público e pediria desculpas,foi um grande fiasco,mal gosto.Entendo seu desabafo,é uma expressão de muita gente que mora e gosta desssa cidade,infelizmente os puxa-sacos,não.
Anônimo disse...
Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto.
Anônimo disse...
kkkkk! Todos sabem de ondem partem esses surtos acima,é a Maria Jagunça,defendendo o seu ganha pão.Coitada!
Anônimo disse...
-Todo mundo sabe onde a droga realmente come solto.Cala-te boca.Rsrsrs.
Cachoeirano indignado disse...
Infelismente não posso mais passar o dia 25 de junho em Cachoeira. Terra que eu amo e que muito me orgulhava de sua data Magna. É que a vergonha de ver tanta incompetência,tanto cinismo e mediocridade na organização do evento me fazem muito mal, começou esse ano, passei longe de Cachoeira. Apoio o Prof. Xavier, é preciso coragem para exprimir a verdade. Quanto ao anônimo(a) xenofabo que compartilha da mediocridade a que Cachoeira hoje está exposta, ou é beneficiado em detrimento da cidade ou é alienado, recolha-se a sua insignificância. Cachoeirano Indignado.
Anônimo disse...
Anônimo disse... Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto. ----------------------------------------------------- Estão vendo como é que os representantes do poder tratam as pessoas? eles dizem "voce tem ques e curvar" Veem agora noque querem transformar Cachoeira? Como tratam a quem nao se contentam com o que eles estão fazendo?

2. Texto 02 - publicado no Facebook hoje e a ser publicado no Cachoeira Online
 
"TERRRORISMO MIDIÁTICO NA CIDADE HERÓICA
Caros Cachoeiranos e/ou amantes da Cachoeira,

Em primeiro lugar, quero agradecer calorosamente aos que me manifestaram o seu apoio. Quanto à radialista Al-Jazira, o seu comportamento "profissional" é digno de pena. Jornalismo verdadeiro requer INDEPENDÊNCIA, ética e objetividade. No que diz respeito aos anônimos que se escondem covardemente atrás do anonimato para vomitar sua raiva xenofóbica, só tenho a lamentar a sua alienação - para não dizer escravidão - mental.

Apoixonei-me por Cachoeira há 20 anos atrás, quando cheguei à Bahia pela primeira vez e quando Pierre Verger me aconselou a iniciar minhas pesquisas antropológicas na Cidade Heróica, com a saudosa Gaiacu Luiza Franquelina da Rocha. Orgulho-me igualmente e tanto pela minha cidadania francesa quanto pela minha cidadania cachoeirana, outorgada oficial e publicamente pela Câmara de Vereadores em maio de 2010. O espírito heróico e revolucionário que une as minhas duas pátrias me deu o senso crítico e a vontade de lutar SEMPRE em prol dos mais fracos, dos mais desprestigiados pela sociedade vigente, dos que sofrem diariamente nas mãos de uns coronéis cínicos, anacrônicos e patéticos. A radialista Al-Jazira pode continuar me difamando, não me importo. Ela não merece resposta.

O que não aceito, como cidadão, é que representantes legítimos de comunidades religiosas afro-baianas seculares sejam desrespeitados e hostilizados. O que não posso aceitar é o fato de uma Senhora de 83 anos, que constitui literalmente a raíz e a memória viva do samba de roda, seja vergonhosamente chamada de mentirosa por um representante do poder público municipal. O que não aceito, é que um terreiro de candomblé em processo de tombamento pelo IPHAN seja covardemente invadido e tenha o seu patrimônio arqueológico destruído, seu patrimônio sagrado soterrado. O que não posso aceitar é que o invasor descumpre cinicamente os embargo do IPHAN e da IBAMA. Pois esse patrimônio cultural de matriz africana é uma das RIQUEZAS mais emblemáticas de nossa Cidade.

O povo de santo, as Irmãs de Nossa Senhora da Boa Morte e os Grupos de Samba de Roda são os guardiões fiéis e heróicos de manifestações culturais da diáspora africana no Brasil, que fazem da Cachoeira o que é: o berço de uma civilização afro-indígena, de uma civilização extraordinariamente rica, porém secularmente desrespeitada. Não me deixarei intimidar por pessoas tão raivosas quanto insignificantes, que fazem uso irresponsável dos meios de comunicação para exercer um vil terrorismo midiático.

Axé! Vive la France e Viva a Cachoeira!!!

Xavier Vatin / Cidadão franco-cachoeirano"