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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O fim anunciado da cultura brasileira ou porque não votarei na Marina Silva ou ainda: aonde as coisas podem chegar!!!

Ayrton, desastrado cobrador da empresa Sá, Pato & Cia. sofre um acidente automobilístico na região de Friburgo (Rio de Janeiro) e é resgatado pelo recluso professor Benson, que o leva para sua residência. Ali, ele trava contato com a grande invenção de Benson, o "porviroscópio", um dispositivo que permite ver o futuro, e com Miss Jane, a bela e racional filha do cientista.

Através de Jane, Ayrton é posto a par da disputa pela Casa Branca nos Estados Unidos da América do ano 2228, onde a divisão do eleitorado branco entre homens (que querem reeleger o presidente Kerlog) e mulheres (que pretendem eleger a feminista Evelyn Astor), transforma o candidato negro, Jim Roy, no 88° presidente dos EUA.

A alegria dos negros, contudo, dura pouco. Incapazes de aceitar a derrota, os brancos (agora novamente unidos) elaboram uma "solução final" para o "problema negro", muito mais sutil e eficaz do que aquela elaborada por Hitler para os judeus. Esta história (quase real... ou não?) foi escrita em 1926 pelo criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo, o grande Monteiro Lobato, intitulado "O Presidente Negro", (originalmente denominado "O Choque das Raças" e posteriormente, "O Presidente Negro ou O Choque das Raças: romance americano do ano 2228"), é o único romance (e de ficção científica) escrito por Monteiro Lobato.
Em 2008, a coincidência de dois pré-candidatos, um negro (Barack Obama) e uma mulher branca (Hillary Clinton) disputando a Casa Branca contra um candidato branco, despertou novamente a atenção da mídia brasileira para "O Presidente Negro". O livro ganhou nova edição da Editora Globo e, em algumas resenhas foi citado que Lobato teria previsto o surgimento da internet, graças a um diálogo das personagens Ayrton e Miss Jane sobre o ano de 2228:

"Ainda havia jornais neste tempo?"
"Sim, mas jornais nada relembrativos dos dias de hoje. Eram radiados e impressos em caracteres luminosos num quadro mural existente em todas casas."
O autor também fala do "teletrabalho": "em vez de ir todos os dias o empregado para o escritorio e voltar pendurado num bonde que desliza sobre barulhentas rodas de aço, fará ele o seu serviço em casa e o radiará para o escritorio. Em suma: trabalhar-se-á a distancia.

As idéias racistas defendidas por Monteiro Lobato estavam presentes em sua obra desde pelo menos 1900, quando leu L’Homme et les Sociètes (1881) de Le Bon, onde o autor afirma que os seres humanos foram criados de forma desigual e que a miscigenação é um fator de degeneração racial, além de que, as mulheres, brancas ou negras, são inferiores até mesmo quando comparadas aos homens de "raças inferiores".

Embora tenha tentado descobrir uma alternativa à "teoria científica" da desigualdade das raças, através da leitura de Comte e Spencer, nos anos seguintes, livros dos poligenistas Hyppolite Taine e Ernest Renan, figuras influentes no racialismo do século XIX, tornaram-se importantes fontes de referência para o escritor, que inclusive recomendava sua leitura aos amigos.

Em carta de 1905 endereçada a um amigo chamado Tito, Lobato declara ser impossível "civilizar" e "corrigir" o povo brasileiro, "devido ao fatalismo das inclinações, dos pendores, herdados com o sangue e depurados pelo meio". Ele conclui, absurdamente, que apenas uma injeção de "sangue da raça mais superior" asseguraria o futuro do país. Nesta mesma carta, ele chama de "patriota" ao brasileiro que se casasse com "italiana ou alemã".

Em 1908, talvez ecoando uma célebre declaração do Conde de Gobineau (que certa feita havia chamado os cariocas de "macacos"), Lobato confidenciou ao amigo Godofredo Rangel que a miscigenação criara uma classe de "corcundas de Notre Dame" nos subúrbios do Rio de Janeiro, declaração que trazia implícita uma crítica aos intelectuais da época, segundo os quais haveria um "padrão de beleza grega" entre a população mulata da cidade. Lobato advoga ainda a adoção de um esquema de segregação racial para o Brasil, nos moldes do então vigente nos EUA e a imigração de europeus para consertar a "anti-Grécia" carioca... Talvez seja por isso que vemos a Tia Anastácia ser retratada como uma cozinheira ignorante, fato que se repete até mesmo em revistas distribuídas ainda hoje com os personagens do Sítio, onde idéias ainda estranhas como as por Lobato admiradas estão em voga.

No livro "A Lei do Santo" (Rio, Ao Livro Técnico, 2000) de Muniz Sodré, cientista social, encontramos um conto igualmente profético intitulado Purificação. Traz a história da expansão política das igrejas evangélicas no Brasil, as quais têm como concorrente, o movimento “carismático” da Igreja Católica. No conto, se agrupam em torno de uma organização política, o Partido Evangélico, que consegue maioria no Congresso Nacional.

Muniz Sodré, a certa altura, logo a seguir deixa claros, para que o leitor comece a pensar, o que está por trás da Teologia da Prosperidade que orienta o neopentecostalismo: “A palavra de ordem era purificação. Casas de diversão e cultura eram compradas e transformadas em templos. A rede evangélica de televisão cobria o território nacional com mensagens de regeneração dos costumes e das crenças d toda espécie. Os pregadores eram todos especialistas em marketing e técnicas de motivação coletiva”.
Sodré anteviu, por exemplo, a resistência que está acontecendo em muitas escolas para ser implantada a história do povo africano e o recente ataque de evangélicos à terreiros afrobrasileiros: “Os evangélicos em especial queriam apagar todas as marcas consideradas negras. Por isso, havia agora ritos de apagamento. Um lugar com sinais de culto afrobrasileiro era perseguido, eventualmente arrasado a fogo e purificado com sal. Todos os negros que no início haviam aderido às seitas evangélicas terminaram sendo considerados suspeitos e finalmente expulsos”.

Os evangélicos se dizem perseguidos pela mídia, mas caso não existisse meios de comunicação denunciando a corrupção nesse meio, imagine as bizarrices que teríamos em nosso país. Interessante é a postura de gente como o jogador Kaká e Marina Silva, que se dizem vítimas, tentando se passar por modelos inocentes de um perseguição maior da qual são cúmplices e parceiros. Graças a Exu que a "Igrejinha" da seleção saiu maravilhosamente desonrada da Copa. E espero que Exu nos ajude a não colocar uma evangélica no topo do país, apesar de certos setores umbandistas estarem, vergonhosamente apoiando, sabe-se lá por quê, a candidata-símbolo das barbaridades feitas contra o povo do santo.

Somos descendentes de auropeus, asiáticos, indígenas e africanos. Devemos grande parte de nosso modo de pensar e sentir ao povo africano e é aterrorizador ver o que o cristianismo das igrejas evangélicas criou nos países do continente berço da cultura humana, onde crianças são acusadas de bruxarias pelos pastores, que pedem uma quantia equivalente a cerca de 4 meses de trabalho para que as crianças sejam exorcizadas. O tal exorcismo consiste em mutilar os corpos das crianças (como poderão ver no vídeo anexo) e queimar os ferimentos com o fogo de uma vela.

O principal precursor dessa doutrina perversa que campeia na África (e está pululando na Amazônia - de onde a candidata verde saiu - entre os nossos índígenas) foi um alemão e pastor neopentecostal conhecido como Reinhard Bonnke, o qual foi recebido pela Igreja Batista da Lagoinha no ano de 2007 com todas as honras de um "grande homem de Deus".

O jornal alemão Die Zeit o caracteriza como "um dos mais bem sucedidos missionários do nosso tempo". Como se não bastasse, esses missionários na África ainda recebem cachês milionários para virem pregar em congressos em outros países, como aconteceu aqui no Brasil. E muitas igrejas brasileiras já estão indo prá lá, buscar o dinheiro e disseminar sua doutrina entre os já sofridos povos africanos.


Nwanaokwo Edet, 9 anos, foi forçada a beber ácido pelo pai após pastor evangélico acusá-la de bruxaria. A menina ficou cerca de 1 mês internada em Akwa Ibom, Nigéria, antes de morrer

Os missionários brancos, vindos da América e da Europa, não se envolvem diretamente com a vitimização das crianças, como já era possível imaginar. Isso representaria muitos problemas para eles, tanto na África como em seus países de origem; um problema desnecessário, uma vez que o negócio deles é promover grandes cruzadas e construir grandes ministérios.

Moradores revoltados com Udo, 12, acusando-o de ser uma bruxa. Seu braço quase foi cortado com um facão. Fonte: http://guardian.co.uk

Dessa forma, o que resta a eles é usar o medo da bruxaria que os africanos possuem, pois o assunto bruxaria está presente em sua cultura há milênios. Não é mais possível, na África os evangélicos se utilizarem do argumento da "macumba" e do "encosto" como fazem aqui no Brasil quando se referem a Umbanda e ao Candomblé, pois mais de 70% da população é evangélica. O que eles fazem é usar um mito antigo de que existem "crianças bruxas" que, segundo eles são enviadas por Satanás para atrapalharem os negócios da família, trazendo má sorte e doenças.

Estima-se que mais de 5000 crianças foram abandonadas na Nigéria desde 1998 por conta das acusações de bruxaria feitas pelos pastores evangélicos, para morrerem; isso quando não são mortas, espancadas, dilaceradas e violentadas antes de serem abandonadas. Estatísticas dizem que a cada 5 crianças abandonadas, 1 acaba morrendo de desnutrição ou por conta das torturas indescritíveis que elas sofrem.
Juntem todas essas questões e pensem bem. Lembrem-se das "previsões" de Monteiro Lobato e de Sodré. Nossa cultura musical já está sendo esmagada pela dominação evangélica quando ligamos o rádio e ouvimos os trinados horrorosos de cantores e cantoras brasileiras que querem imitar o estilo "gospel"de canto. Quando ligamos a TV e vemos os calouros do Raul Gil, desesperadamente se esgarçando e dizendo "Graças a Deus" no mesmo modo fanático e falacioso de interpretar. Quando temos de engolir Robinho e Kaká dizendo "Amém Jesus" nos gols que fazem. Vejam o vídeo (apesar dele ainda arrastar alguma asa para os "bondosos" católicos) e percebam até onde as coisas podem chegar. Lembrem-se destas imagens na hora de votar. Lembrem-se das crianças africanas, de sua pele de ébano sendo queimada pela estupidez. E para a platéia que ainda julga ser este apenas problemas deles lá, na África, imaginem crianças brancas, loiras, sofrendo a lavagem cerebral e a tortura psicológica que só a imaginação de quem abraça esse tipo de fé pode ter.

E ainda tem (diri) gente que se diz do santo que quer abraçar este modelo de identidade evangélica para nossa comunidade e que diz, que se eles podem movimentar milhões (de almas e de grana), nós também podemos.
Como vêem, se adotarmos o mesmo sistema, haverá muita pouca coisa que não poderemos fazer...
Nota: A Materia não reflete necessáriamente a opinião do Blog, foi tirada de: http://acervoayom.blogspot.com/2010/07/o-fim-anunciado-da-cultura-brasileira.html

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